A cultura afro-baiana é um dos pilares fundamentais da identidade brasileira, refletindo a herança africana que moldou o país ao longo dos séculos. Diversos centros históricos e artísticos na Bahia têm se dedicado a preservar, celebrar e promover essa rica tradição. Nesta sexta-feira (21), Dia Internacional contra a Discriminação Racial, o BAMIN em Ação traz como dica cultural sete desses importantes locais. Cada um desses espaços, com uma proposta única, contribui para o combate ao preconceito, fortalecendo os laços entre a Bahia e suas raízes africanas. Então, anote o roteiro cultural e bom passeio!
Fundação Pierre Verger | Memória das tradições africanas (Foto: Tacun-Lecy)
A Fundação Pierre Verger funciona desde 1988 em Salvador. A instituição desempenha um papel crucial na preservação e valorização da história e da cultura afro-brasileira. Criada a partir do acervo do francês Pierre Verger, na casa em que ele viveu desde 1960 até a sua morte, em 1996, a instituição mantém viva a memória das tradições e práticas culturais africanas, com foco nas influências dessas culturas na formação do Brasil. O local é um ponto de encontro entre pesquisadores, estudantes e o público em geral, oferecendo um vasto conteúdo sobre a diáspora africana, a história dos negros no Brasil e a conexão entre os dois continentes.
Pierre Verger foi um fotógrafo, etnólogo, antropólogo e pesquisador francês, nascido em 1902, que se destacou por documentar as relações entre o Brasil e a África, com ênfase nas culturas afro-brasileiras. Em 1946, mudou-se para a Bahia, onde registrou, de maneira única, tradições como o Candomblé. Verger se tornou um importante estudioso do tema, com um vasto acervo fotográfico e publicações sobre rituais e música afro-brasileira.
A Fundação Pierre Verger está localizada na 2ª Travessa da Ladeira da Vila América, 6, Engenho Velho de Brotas, Salvador. A entrada é gratuita. Mais informações pelo 71 3203-8400 ou no site. Instagram: @fundacaopierreverger.
Casa do Benin | Conexão entre a África e Salvador (Foto: Fabio Marconi)
A Casa do Benin é um importante espaço cultural da capital baiana dedicado à celebração da história e diversidade da cultura afro-brasileira. Com uma programação diversificada, que inclui exposições, oficinas e palestras, o local oferece um ambiente propício para a produção artística e valorização da identidade negra, estreitando os laços entre o Brasil e a África. Administrada pela Gerência de Equipamentos Culturais da Fundação Gregório de Mattos (FGM), vinculada à Secretaria de Cultura e Turismo de Salvador, a Casa desempenha um papel crucial no fomento e promoção das manifestações culturais da cidade.
Fundada em 1988, a Casa do Benin abriga um acervo de aproximadamente 200 peças provenientes do Golfo do Benin, coletadas por Pierre Verger durante suas viagens à África. Além disso, a instituição conta com peças relacionadas à cultura afrodiaspórica, que foram doadas por instituições e artistas como Gilberto Gil. Juntamente com a Casa do Brasil em Ouidah, no Benin (África), a Casa do Benin fortalece as relações culturais entre os dois países e promove intercâmbios artísticos e intelectuais. Seus espaços de destaque incluem a Galeria Pierre Verger, a Galeria Lina Bo Bardi, o auditório Gilberto Gil e o Espaço Etnogastronômico Angélica Moreira, que enriquecem a programação cultural e artística do local.
O pátio da Casa abriga o Espaço Gourmet Jeje Nagô, cuja arquitetura é inspirada nos antigos restaurantes das comunidades rurais do Benin. A “Tatassomba” é uma réplica de construções tradicionais beninenses, projetada pela arquiteta Lina Bo Bardi, feita de barro e com telhado de palha. Há também uma outra edificação, toda em cimento queimado – uma das marcas registradas da arquiteta. O espaço conta com uma sala multifuncional e um terraço, de onde é possível contemplar os casarões seculares do Centro Histórico sob uma nova perspectiva.
A Casa do Benin fica na Rua Padre Agostinho Gomes, Pelourinho, Salvador. A entrada é gratuita. O telefone para contato é (71) 3202-7890. Para conhecer a programação do espaço basta acessar o site. Instagram: @casadobenin.
Museu Afro-Brasileiro da Universidade Federal da Bahia | Pesquisa e extensão da cultura afro-brasileira (Foto: Fabio Marconi)
O Museu Afro-Brasileiro da Universidade Federal da Bahia (MAFRO), em Salvador, foi idealizado em 1974 por Pierre Verger, mas inaugurado somente oito anos mais tarde, em 1982. O prédio histórico em que está localizado é o mesmo onde funcionou, entre os séculos XVI e XVII, o Real Colégio dos Jesuítas e, a partir de 1808, a primeira Escola de Medicina do Brasil. Atualmente é dedicado à coleta, preservação e divulgação de acervos sobre as culturas africanas e afro-brasileiras. O MAFRO busca, assim, estreitar relações entre Brasil e África, além de promover o entendimento sobre a importância desse continente na formação da cultura brasileira.
Desde a década de 1990, a gestão técnico-administrativa está sob responsabilidade de docentes do Departamento de Museologia da UFBA, consolidando o MAFRO como um importante centro de investigação e ensino relacionado à museologia e suas práticas operatórias. O museu realiza atividades de pesquisa, ensino e extensão, além de promover cursos, exposições temporárias e publicações, contribuindo para o aprendizado e a disseminação de informações valiosas sobre as culturas afro-brasileiras.
O MAFRO está localizado no Prédio da Faculdade de Medicina da Bahia, no Largo do Terreiro de Jesus, s/n, Centro Histórico de Salvador. A entrada custa R$10,00 (inteira) e R$5,00 (meia entrada). O telefone para contato é (71)3283-5540. Mais informações no site. Instagram: @mafroufba.
Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira | Imersão na identidade africana (Foto: Amanda Oliveira)
O Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira, ou simplesmente MUNCAB, é dedicado à valorização da cultura de matriz africana e sua profunda influência sobre a formação da cultura brasileira. O espaço oferece uma imersão na identidade afrodescendente, destacando a África como o berço da humanidade, além de abordar temas como o tráfico de pessoas escravizadas, os quilombos e as revoltas. O museu também explora as contribuições de matriz africana em áreas como culinária, religiosidade, festas populares, esportes e música.
Além de reunir um vasto acervo histórico e cultural afro-brasileiro, o MUNCAB promove intercâmbios com países africanos, especialmente aqueles de onde vieram os maiores contingentes de escravizados, como Angola, Moçambique e Guiné. O museu é um espaço dinâmico, carinhosamente chamado de “museu em processo”. Com exposições, oficinas e eventos educativos, o MUNCAB se dedica a manter viva a rica herança da cultura dos povos africanos, contribuindo para um diálogo constante entre o passado e o presente.
O MUNCAB fica na Rua das Vassouras, 25, Centro Histórico, em Salvador. A entrada custa R$20,00 (inteira) e R$10,00 (meia), sendo gratuita para todos às quartas-feiras e aos domingos. O telefone de contato é (71) 3017-6722. Mais informações no site. Instagram: @muncab.oficial.
Centro Cultural Casa de Angola | Casarão colonial do século XVIII
O Centro Cultural Casa de Angola é um importante ponto de referência da cultura angolana em Salvador. Localizado em um casarão colonial construído no século XVIII, foi fundado em 1999 com o objetivo de manter vivos os laços culturais entre o Brasil e Angola. O centro oferece acesso livre aos visitantes e conta com uma biblioteca contendo cerca de 10 mil livros de literatura angolana, além de outros materiais acadêmicos e culturais sobre a África. Entre as obras mais procuradas estão “A Renúncia Impossível” e “Sagrada Esperança”, do escritor Agostinho Neto, primeiro presidente de Angola, em 1975.
Além disso, o local abriga um museu com objetos históricos e um auditório onde acontecem eventos sobre a história e as relações entre os dois países. Entre os itens mais notáveis da Casa de Angola está o Ngundja, um trono utilizado por autoridades tradicionais do povo Tchokwe, do Nordeste de Angola. O local também possui uma sala de exposições temporárias e um museu permanente com peças do acervo do Museu Nacional de Antropologia de Angola, além de promover palestras sobre a história e os problemas atuais do continente africano.
A entrada é gratuita. O endereço da Casa é Praça dos Veteranos, 5, Centro, Salvador. Mais informações pelo 71 3321-4495 ou no site. Instagram: @casadeangolanabahia.
Museu da Gastronomia Baiana | Intercâmbio culinário entre Bahia e Angola
Iniciativa pioneira na América Latina, o Museu da Gastronomia Baiana está em Salvador. O espaço busca promover e valorizar a rica diversidade dos sistemas alimentares do estado, explorando suas dimensões históricas, culturais e sociais. Com exposições permanentes e temporárias, como a vitrine-homenagem, o museu oferece um local único para o visitante compreender as trocas culinárias entre a Bahia e Angola. As influências mútuas, como o dendê e a mandioca, são exemplos de como ingredientes e receitas viajaram através do Atlântico, criando novas identidades gastronômicas.
Mantido pelo Senac-Bahia, o Museu da Gastronomia Baiana é também um centro de aprendizado e degustação, com seu restaurante-museu-escola que apresenta um cardápio diversificado, refletindo as tradições culinárias que vão do Recôncavo ao Sertão. Além disso, a loja-museu Doces & Livros e a Galeria Nelson Daiha, dedicada à art-food, complementam a experiência, oferecendo uma visão mais profunda da gastronomia baiana em seus múltiplos aspectos. A missão do museu é informar e divulgar a comida baiana, não apenas como um bem cultural, mas como um patrimônio gastronômico de grande importância.
Fica na Praça José de Alencar, 13/19, Largo do Pelourinho, em Salvador. A visitação é gratuita. Mais informações pelo 71 3324.8118 ou no site do museu. Instagram: @senacbahia.
Memorial Unzó Tombenci Neto | Alto da Conquista, em Ilhéus
Inaugurado em 2006, o Memorial Unzó Tombenci Neto é um marco cultural e histórico no Sul da Bahia, sendo o primeiro museu de matriz africana da região. Com um acervo rico, composto por fotografias, documentos e objetos preservados, o memorial celebra e compartilha a história do Terreiro de Candomblé Angola da Bahia, fundado em 1885. O Terreiro Matamba Tombenci Neto tem suas origens no século XIX, quando Tiodolina Félix Rodrigues, conhecida como Nêngua de Inkice Iyá Tidú, fundou o Terreiro Aldeia de Angorô, um espaço sagrado que até hoje preserva as tradições e práticas do Candomblé Angola.
Sob a direção de Mameto Mukalê (Ilza Rodrigues), o Terreiro de Candomblé Angola da Bahia segue com uma longa trajetória, marcando a cidade de forma profunda e significativa. A relação do Terreiro com a comunidade do Alto da Conquista é intensa e de grande relevância, estreitando os laços culturais e espirituais entre as tradições afro-brasileiras e a população local. O Memorial Unzó Tombenci Neto não apenas preserva a memória de um dos mais importantes terreiros de Candomblé da Bahia, mas também serve como um centro de educação e fortalecimento das raízes culturais afro-brasileiras, celebrando a continuidade de uma rica herança espiritual e cultural.
O Memorial Unzó Tombenci Neto fica na Avenida Brasil, 485, Alto da Conquista, em Ilhéus. É possível agendar uma visita por meio do número (73) 98809-3958. Mais informações no Instagram @ memorialunzo_tombenci_neto.