Artur Araujo (Foto: Divulgação)
Na cidade de Tanhaçu, localizada no semiárido baiano, onde a escassez de água é algo recorrente, Artur Jesus Araújo, de 18 anos, participante do projeto Trilhos do Desenvolvimento, viu a oportunidade de desenvolver um sistema sustentável de reuso de águas cinzas — um recurso que pode trazer alívio à crise hídrica que assola a região.
A trajetória de Artur, estudante do Colégio Estadual de Tempo Integral Eva Rocha, é marcada por sua dedicação ao conhecimento. Ele começou sua jornada acadêmica ainda no ensino fundamental, como estudante olímpico, conquistando várias medalhas em competições de Astronomia e Ciências. Hoje, ele coordena projetos científicos que buscam aproximar jovens da ciência e fomentar a conscientização ambiental, enquanto se prepara para cursar Engenharia Mecatrônica.
No “Trilhos do Desenvolvimento”, Artur integra o Grupo Verde, cuja proposta é simples, mas poderosa: desenvolver um sistema sustentável de coleta e tratamento de águas cinzas em residências. Essas águas, provenientes de chuveiros, pias e máquinas de lavar, podem ser tratadas e reutilizadas em atividades não potáveis, como irrigação de jardins, lavagem de pisos e descarga de vasos sanitários. Para Artur, a solução proposta pelo grupo tem o potencial de reduzir o consumo de água potável na região e oferecer uma nova fonte de água para as famílias que enfrentam a escassez.
“O projeto foi uma oportunidade de mostrar que, com o conhecimento que adquirimos, podemos propor soluções viáveis para nossa realidade. A água é um bem precioso, e em Tanhaçu sentimos isso todos os dias”, comenta Artur.
A proposta do grupo envolve a coleta de águas cinzas de pontos estratégicos nas residências, como chuveiros e pias, que passam por uma filtragem inicial para remover partículas maiores. Em seguida, as águas são tratadas biologicamente com um biofiltro composto por materiais como areia, brita e carvão ativado. Após o tratamento, a água é desinfetada e armazenada para reuso. “Nossa ideia é que o sistema seja acessível e simples de implementar, para que mais pessoas possam adotá-lo e, assim, aliviar a pressão sobre os recursos hídricos da nossa comunidade”, explica.
A dedicação de Artur vai além do “Trilhos do Desenvolvimento”. Ele também coordena o projeto Ciência para Todos, ao lado do professor Clébio Missias Almeida, que tem como objetivo aproximar os jovens da ciência e promover a inclusão social por meio do conhecimento científico.
A história de Artur, como uma das “Vozes dos Trilhos”, é prova de que, com conhecimento e compromisso, jovens podem ser agentes de transformação em suas regiões. Ele não apenas sonha com um futuro melhor para Tanhaçu, mas trabalha ativamente para garantir que isso se torne realidade, usando a ciência e a sustentabilidade como suas principais ferramentas.
Projeto Trilhos do desenvolvimento
O Trilhos do Desenvolvimento é um projeto da BAMIN que tem como principal objetivo engajar jovens das cidades ao longo da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL 1) na busca por soluções inovadoras e sustentáveis para os desafios socioambientais locais. Divididos entre os quatro lotes por onde a ferrovia irá passar, representados pelas cidades de Caetité, Jequié, Tanhaçu e Uruçuca, o Trilhos do Desenvolvimento oferece mentorias, palestras e ferramentas para que os participantes identifiquem problemas de suas comunidades e proponham iniciativas que gerem resultados positivos em suas comunidades. Com temas que vão desde a cadeia produtiva do cacau até a escassez de água, o Trilhos do Desenvolvimento busca fortalecer o protagonismo juvenil e promover mudanças sustentáveis nas regiões participantes.