Vozes dos Trilhos: Luciano Souza e o retorno ao campo com sustentabilidade

Agricultor e empreendedor rural vê no projeto Trilhos do Desenvolvimento a oportunidade de valorizar o cacau e fortalecer a economia local

 (Foto: Divulgação)

Assim como a implantação do trecho 1 da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL 1) avança, o projeto Trilhos do Desenvolvimento também segue em frente. Após o desafio inicial, no qual participantes de diversas regiões apresentaram ideias inovadoras, começamos a conhecer de perto aqueles cujas propostas serão apoiadas e financiadas pela BAMIN.

Nesta nova temporada da série Vozes dos Trilhos, destacamos a trajetória de alguns dos participantes desses grupos premiados de cada lote. Começamos por Luciano Souza, do Lote 1, que traz sua experiência e paixão pela sustentabilidade para capacitar jovens e mulheres na produção de derivados do cacau, uma iniciativa que visa fortalecer a economia local e criar novas oportunidades de renda no campo.

Luciano é natural de Ilhéus (BA) e tem uma ligação profunda com a cadeia produtiva do cacau. “Eu nasci nesse ambiente. Sou neto e filho de agricultores de cacau e desde criança estive envolvido com esse cultivo”, relata. No entanto, como muitos jovens, ele decidiu buscar novas experiências. Fez cursos de informática, gestão de pessoas e especializou-se em direito público. Mas, em 2021, insatisfeito com a vida na cidade grande, Luciano tomou uma decisão que mudaria o rumo de sua trajetória: voltar ao campo.

Com uma pequena propriedade de quatro hectares adquirida em Uruçuca, Luciano começou a investir em agroecologia, turismo rural e, mais recentemente, na produção de chocolate orgânico e agroecológico. “A minha paixão pela cabruca (cultivo de cacaueiros dentro de uma área de bioma preservado), pelo cacau, vem da forma como esse modelo produtivo é sustentável. Ele mantém a mata de pé, recupera recursos hídricos e preserva a fauna. Decidi voltar ao campo não por falta de oportunidade, mas porque acredito no poder que o campo tem para transformar vidas”, explica.

A proposta apresentada por Luciano e seu grupo no Trilhos do Desenvolvimento reflete essa vivência e compromisso com a agricultura familiar. Batizada de “Primeira @”, a iniciativa tem como objetivo capacitar jovens e mulheres da região para se tornarem protagonistas na produção de derivados do cacau. “Nossa ideia é capacitar esses produtores para que possam beneficiar o cacau diretamente em suas propriedades. Ao invés de vender todo o cacau para as grandes fábricas, queremos que eles tenham a capacidade de produzir produtos como chocolate nibs (chocolate em sua forma mais pura), cacau fino e mel de cacau”, explica.

A proposta não se limita ao ganho financeiro. Segundo Luciano, o projeto visa agregar valor não só em termos monetários, mas também em relação ao reconhecimento da agricultura familiar e sustentável. “É um projeto de capacitação pensado no campo, para pessoas que muitas vezes não têm acesso à educação que reflete a realidade delas. Queremos formar essas pessoas para que possam agregar valor ao que já produzem, de forma sustentável e inovadora”, destaca.

Para ele, a participação no Trilhos do Desenvolvimento abriu novas portas e horizontes. “Conheci outros atores da minha comunidade e de regiões vizinhas, como Jequié, Tanhaçu e Caetité. Foi uma oportunidade única que me incentivou a continuar escrevendo projetos, me envolvendo em associações e coletivos. Agora, sinto que tenho um gás novo para continuar contribuindo com o desenvolvimento das comunidades”, conclui.

Sua trajetória de retorno ao campo, aliada ao espírito empreendedor e sustentável, reflete o potencial transformador que iniciativas como essa podem ter na economia rural e no fortalecimento das famílias agricultoras. Com a ideia “Primeira @”, ele espera não só gerar novas oportunidades de renda, mas também fortalecer o vínculo entre os jovens, as mulheres e o campo, mostrando que o futuro está, literalmente, enraizado na terra.

A realização do Trilhos do Desenvolvimento é uma medida de mitigação dentro do Programa de Educação Ambiental exigida pelo licenciamento ambiental federal do empreendimento Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL-1), em atendimento ao Processo Administrativo de número 0200.1021803/2021-56 conduzido pelo IBAMA.

 

Compartilhe

Pular para o conteúdo